Desde 2008 venho realizando um estudo bibliográfico à cerca da rainha Ankhesenamon da XVIII Dinastia (Novo Império). Quando iniciei a pesquisa um dos meus maiores empecilhos foi a ausência de fontes documentais mais amplas, pois, não há muitos trabalhos exclusivos sobre ela. No entanto, apesar de ser praticamente ignorada pelos estudiosos, já se conhecia o seu nome através das primeiras pesquisas em Amarna.
Ankhesenamon como Amonet. Luxor. 2008
Na época de reinado do seu pai, Akhenaton (Amenofis IV) ela chamava-se Ankhesenpaaton, “A que vive por Aton”, depois de casar-se com o irmão Tutankhaton ambos tiveram que mudar de nome para agradar ao clero tebano do deus Amon, ela, desde então, seria Ankhesenamon e ele Tutankhamon.
Há pelo menos cinco regiões de efetivas pesquisas arqueológicas que tem fontes relacionadas ao meu objeto de estudo: Mênfis, Amarna, Tebas, Saqqara e o Vale dos Reis, e é neste último que em 1922 o arqueólogo inglês Howard Carter encontrou o túmulo de Tutankhamon (KV-62), cujo espólio funéreo contém vários artefatos em que a esposa real está retratada. O rei morreu quando possuía cerca de dezoito a dezenove anos e não deixou herdeiros, mas é sabido que haviam dois fetos sepultados com ele.
Em 2008 o Dr. Zahi Hawass, secretario geral do
Supreme Council of Antiques anunciou que os dois fetos seriam submetidos ao exame com o aparelho de tomografia computadorizada e a análise do DNA para que se confirmasse se as crianças seriam filhas do faraó Tutankhamon como sempre se deduziu[1]. No entanto, outra das prioridades da pesquisa, é que os dados colhidos com o exame de DNA possam vir a identificar a mãe dos fetos dentre as múmias etiquetadas como “desconhecida” no
Egyptian Museum (Cairo). A sugestão que nunca ficou fora de questão é que a mãe das crianças seja de fato a rainha Ankhesenamon.
Tutankhamon e Ankhesenamon. Giuseppe. Luxor. 2000
Em minha pesquisa de 2008 fiz um ensaio sobre a rainha, e durante as indagações me prendi ao fato de que em 2006 tinham encontrado um túmulo no Vale dos Reis que foi denominado de KV-63. De acordo com o anúncio na época da descoberta a equipe tinha achado um pedaço de selo em que teria o nome “paaton”, o que levou a proposta de uma ligação com o nome de infância do meu objeto de pesquisa. Imediatamente entrei em contato com a “
Amenmesse Project” (KV-10, KV-63) para saber sobre o tal fragmento e fui informada de que este tinha sido um anúncio precipitado dado pelo Diretor dos Monumentos de Luxor, Mansour Boriak, durante uma transmissão da
Discovery Channel.
Banner do trabalho. 5º Workshop de Xingó. 2008
Os pictogramas estão muito deteriorados, no entanto, mesmo após os estudos não há uma conclusão do que poderia estar escrito, mesmo assim, a presença de Ankhesenamon no tumulo é altamente questionável, principalmente devido aos resultados das pesquisas da
Amenmesse Project que estão em pauta.
Meus estudos não estão finalizados, ainda falta uma análise presencial dos artefatos, mas com a ajuda de observações anteriores como as de Johson (1998) e Hamar (2006), por exemplo, consegui algumas das bases para o inicio da pesquisa e a oportunidade de começar a montar um material mais amplo sobre a rainha. Não se sabe se foi mesmo ela quem escreveu aos hititas e o seu túmulo ou múmia não foram encontrados. Apesar da escassez de materiais confiáveis reuni um número significativo de dados, além disto, a iconografia presente no espólio da KV-62 e outros sítios pelo Egito demonstram que é necessário dar uma importância maior a estes artefatos ligados à Ankhesenamon, por exemplo, a imagem do trono dourado que a mostra tocando o esposo remete aos tempos de Amarna, pois os dois são abençoados por Aton, um deus que, devido ao contexto da época, poderíamos supor que não deveria estar na KV-62.
Trono em que está a imagem em questão: Ankhsenamon e o esposo tocados pelos raios de Aton. KV-62. Vale dos Reis.
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Bibliografia:
Arqueologia Egípcia, 01/06/2009, "
www.arqueologiaegipcia.com.br/texto_pesquisa_ankhesenamon.html "
HAMAR, R.V. The Queens of Egypt - The Complexities of Female Rule in the First through the Nineteenth Dynasty. pp. 22, 2006.
JAMES, T.G.H. Tutancâmon. Coleção Biblioteca Egito. Folio. pp. 288, 2005
JOHNSON, G. B. Queen Ankhesenamen and the hittite prince. 1999
The Guardian, 07.08.2008.
[1] Notícia anunciada no antigo site do Dr. Zahi Hawass.